O que é aporofobia? Conheça suas consequência e como combater a aversão aos mais pobres
Você já parou para pensar como pequenos gestos e atitudes podem impactar a vida das pessoas ao nosso redor? Hoje, vamos abordar um tema crucial e que permeia muitas interações diárias: a aporofobia, um desafio a ser vencido para construirmos uma sociedade mais acolhedora.
Neste artigo, vamos descomplicar o que é aporofobia, suas origens e, mais importante, como cada um de nós pode desempenhar um papel ativo na promoção de práticas que podem ajudar a garantir mais inclusão e empatia. Afinal, juntos, podemos criar um ambiente mais inclusivo e compassivo para todos, não é?
O que é aporofobia?
Aporofobia significa medo, aversão ou hostilidade direcionada aos mais pobres e desfavorecidos. Trata-se de um tipo de discriminação, que pode vir associado a outros preconceitos, como o racismo.
Como surgiu a aporofobia?
A definição de aporofobia é um neologismo criado a partir da soma de dois termos do grego antigo – á-poros, que significa sem recursos, e phóbos, que denota medo. E apesar de ter ganhado popularidade nos últimos anos, a primeira citação a este termo aconteceu nos anos 1990, com a filósofa espanhola Adela Cortina, em trabalhos que explicam a relação de rejeição e estigma dos mais ricos com os pobres.
Apesar disso, podemos dizer que a origem da aporofobia está profundamente entrelaçada com a evolução histórica das estruturas sociais e econômicas. Neste cenário, portanto, é necessário percorrer o tempo e analisar diversos fatores que contribuíram para o desenvolvimento desse tipo de discriminação. Entre eles:
- Evolução histórica: o termo não surge de maneira isolada, mas está inserido em um contexto mais amplo de desigualdades sociais. Essas disparidades criaram (e criam) condições propícias para o surgimento da aporofobia como uma forma de discriminação baseada na condição econômica.
- Reforço por estigmas sociais: o desenvolvimento da aporofobia também está intimamente ligado à construção de estigmas sociais relacionados à pobreza – não necessariamente apenas com a falta de dinheiro. Isso acontece com a formação de estereótipos prejudiciais que associam as pessoas em situação de vulnerabilidade a características negativas.
- Efeitos da globalização e crises econômicas: têm impactado significativamente a maneira como a aporofobia se manifesta. A competição acirrada por recursos em um contexto globalizado, muitas vezes, intensifica o preconceito contra aqueles que enfrentam dificuldades financeiras, culminando em atitudes discriminatórias.
Leia mais: Descubra o que fazer para doar material escolar em bom estado
Quais são os diferentes tipos de aporofobia?
Assim como qualquer forma de discriminação, a aporofobia assume diversas formas. Compreender esses tipos específicos, portanto, é crucial para abordar efetivamente esse fenômeno e promover uma sociedade mais inclusiva. Veja:
1. Aporofobia estrutural
Refere-se às práticas de exclusão e marginalização dos menos privilegiados. Isso pode incluir barreiras institucionais e físicas que dificultam o acesso a serviços básicos, como saúde e educação, criando um ciclo de desvantagens econômicas.
2. Aporofobia interpessoal
Manifesta-se nas interações cotidianas entre indivíduos, envolvendo comportamentos discriminatórios baseados na condição econômica. Isso pode incluir estigmatização, exclusão social e preconceitos que impactam diretamente as relações interpessoais.
3. Aporofobia digital
Com o avanço da tecnologia, a aporofobia também encontrou novos espaços para se manifestar. Comentários discriminatórios em plataformas digitais, além da disseminação de estereótipos por meio das redes sociais, contribuem para a amplificação do preconceito econômico no ambiente virtual.
4. Aporofobia internalizada
Envolve a internalização por parte das próprias pessoas em situação de vulnerabilidade econômica dos estigmas associados à sua condição. Apressar-se a aceitar e internalizar estereótipos negativos pode impactar a autoestima e perpetuar o ciclo de exclusão.
Leia mais: Como fazer a seleção na hora de doar?
O que a aporofobia causa?
Os impactos da aporofobia são profundos, afetando tanto os indivíduos quanto a sociedade em geral, incluindo:
- Exclusão social: pessoas em situação de vulnerabilidade econômica enfrentam dificuldades em acessar oportunidades educacionais, empregos dignos e serviços básicos, perpetuando a desigualdade. Vale destacar que está em vigor no Brasil, desde 2022, a Lei 14.489, conhecida como a Lei Padre Julio Lancelotti, que proíbe a chamada “arquitetura hostil”, com o emprego de estruturas, equipamentos e materiais que tenham o objetivo de afastar as pessoas de praças, viadutos, calçadas e jardins.
- Impacto na saúde mental: a discriminação econômica pode ter sérios efeitos na saúde mental das pessoas, levando a sentimentos de desesperança, ansiedade e depressão – criando barreiras adicionais para superar os desafios associados à pobreza e estimulando a separação.
- Desigualdades educacionais e de oportunidades: limitando o acesso de indivíduos menos privilegiados a uma educação de qualidade e, consequentemente, a melhores oportunidades de vida.
Quais são as consequências da aporofobia?
Entre as consequências, temos a fragmentação da sociedade, ao criar divisões entre grupos e perpetuar as desigualdades sociais entre eles.
Como resultado, surgem desafios para a construção de um ambiente de inclusão, com a implementação de políticas públicas que ajudem a diminuir as diferenças e muros entre as pessoas.
A discriminação econômica dificulta a formulação de estratégias eficazes para combater a pobreza e promover a igualdade de oportunidades.
Qual é a diferença entre xenofobia e aporofobia?
A xenofobia refere-se ao medo, aversão ou hostilidade em relação a pessoas estrangeiras. Já a aporofobia é direcionada aos mais pobres, independentemente de sua origem.
Como evitar a aporofobia?
Isso requer um esforço coletivo para desafiar estereótipos, promover empatia e construir uma sociedade mais inclusiva. E como qualquer forma de discriminação, é importante denunciar os casos de aporofobia.
Além disso, aqui estão algumas estratégias práticas para cultivar a compreensão e combater essa forma de discriminação:
- promover programas de educação que ajudem a conscientizar as pessoas sobre a importância da diversidade;
- criar oportunidades que promovam a inclusão social e econômica. Isso inclui doações de roupas, de alimentos (arroz, feijão, macarrão, café, açúcar etc.) e itens de higiene (sabonete, shampoo, hastes flexíveis, papel higiênico, fraldas etc.), criação de novas formas de geração de renda e desenvolvimento social e suporte psicológico;
- disseminar a cultura para desafiar estereótipos negativos associados à pobreza;
- valorizar e promover a empatia através do diálogo aberto;
- incentivar conversas honestas sobre experiências econômicas diversas;
- utilizar as redes sociais como plataformas para a sensibilização e conscientização;
- apoiar e envolver-se em iniciativas e organizações que combatem a pobreza.
Descomplicar a aporofobia é um passo significativo na construção de uma sociedade mais justa e empática, em que todos sejam valorizados independentemente de sua condição econômica. Vamos juntos construir um futuro melhor!