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O que é aporofobia? Conheça suas consequência e como combater a aversão aos mais pobres
Minha Causa 16/01/2024

O que é aporofobia? Conheça suas consequência e como combater a aversão aos mais pobres

Você já parou para pensar como pequenos gestos e atitudes podem impactar a vida das pessoas ao nosso redor? Hoje, vamos abordar um tema crucial e que permeia muitas interações diárias: a aporofobia, um desafio a ser vencido para construirmos uma sociedade mais acolhedora.

Neste artigo, vamos descomplicar o que é aporofobia, suas origens e, mais importante, como cada um de nós pode desempenhar um papel ativo na promoção de práticas que podem ajudar a garantir mais inclusão e empatia. Afinal, juntos, podemos criar um ambiente mais inclusivo e compassivo para todos, não é?

O que é aporofobia?

Aporofobia significa medo, aversão ou hostilidade direcionada aos mais pobres e desfavorecidos. Trata-se de um tipo de discriminação, que pode vir associado a outros preconceitos, como o racismo.

Como surgiu a aporofobia?

A definição de aporofobia é um neologismo criado a partir da soma de dois termos do grego antigo – á-poros, que significa sem recursos, e phóbos, que denota medo. E apesar de ter ganhado popularidade nos últimos anos, a primeira citação a este termo aconteceu nos anos 1990, com a filósofa espanhola Adela Cortina, em trabalhos que explicam a relação de rejeição e estigma dos mais ricos com os pobres.

Apesar disso, podemos dizer que a origem da aporofobia está profundamente entrelaçada com a evolução histórica das estruturas sociais e econômicas. Neste cenário, portanto, é necessário percorrer o tempo e analisar diversos fatores que contribuíram para o desenvolvimento desse tipo de discriminação. Entre eles:

  • Evolução histórica: o termo não surge de maneira isolada, mas está inserido em um contexto mais amplo de desigualdades sociais. Essas disparidades criaram (e criam) condições propícias para o surgimento da aporofobia como uma forma de discriminação baseada na condição econômica.
  • Reforço por estigmas sociais: o desenvolvimento da aporofobia também está intimamente ligado à construção de estigmas sociais relacionados à pobreza – não necessariamente apenas com a falta de dinheiro. Isso acontece com a formação de estereótipos prejudiciais que associam as pessoas em situação de vulnerabilidade a características negativas.
  • Efeitos da globalização e crises econômicas: têm impactado significativamente a maneira como a aporofobia se manifesta. A competição acirrada por recursos em um contexto globalizado, muitas vezes, intensifica o preconceito contra aqueles que enfrentam dificuldades financeiras, culminando em atitudes discriminatórias.

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Homem abre sua carteira sobre uma mesa, deixando cair algumas moedas na superfície, em imagem que simboliza os tipos de aporofobia

Quais são os diferentes tipos de aporofobia?

Assim como qualquer forma de discriminação, a aporofobia assume diversas formas. Compreender esses tipos específicos, portanto, é crucial para abordar efetivamente esse fenômeno e promover uma sociedade mais inclusiva. Veja:

1. Aporofobia estrutural

Refere-se às práticas de exclusão e marginalização dos menos privilegiados. Isso pode incluir barreiras institucionais e físicas que dificultam o acesso a serviços básicos, como saúde e educação, criando um ciclo de desvantagens econômicas.

2. Aporofobia interpessoal

Manifesta-se nas interações cotidianas entre indivíduos, envolvendo comportamentos discriminatórios baseados na condição econômica. Isso pode incluir estigmatização, exclusão social e preconceitos que impactam diretamente as relações interpessoais.

3. Aporofobia digital

Com o avanço da tecnologia, a aporofobia também encontrou novos espaços para se manifestar. Comentários discriminatórios em plataformas digitais, além da disseminação de estereótipos por meio das redes sociais, contribuem para a amplificação do preconceito econômico no ambiente virtual.

4. Aporofobia internalizada

Envolve a internalização por parte das próprias pessoas em situação de vulnerabilidade econômica dos estigmas associados à sua condição. Apressar-se a aceitar e internalizar estereótipos negativos pode impactar a autoestima e perpetuar o ciclo de exclusão.

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Menino estuda diante de uma mesa, em uma casa humilde e mal iluminada, representando que a aporofobia causa desigualdades

O que a aporofobia causa?

Os impactos da aporofobia são profundos, afetando tanto os indivíduos quanto a sociedade em geral, incluindo:

  • Exclusão social: pessoas em situação de vulnerabilidade econômica enfrentam dificuldades em acessar oportunidades educacionais, empregos dignos e serviços básicos, perpetuando a desigualdade. Vale destacar que está em vigor no Brasil, desde 2022, a Lei 14.489, conhecida como a Lei Padre Julio Lancelotti, que proíbe a chamada “arquitetura hostil”, com o emprego de estruturas, equipamentos e materiais que tenham o objetivo de afastar as pessoas de praças, viadutos, calçadas e jardins.
  • Impacto na saúde mental: a discriminação econômica pode ter sérios efeitos na saúde mental das pessoas, levando a sentimentos de desesperança, ansiedade e depressão – criando barreiras adicionais para superar os desafios associados à pobreza e estimulando a separação.
  • Desigualdades educacionais e de oportunidades: limitando o acesso de indivíduos menos privilegiados a uma educação de qualidade e, consequentemente, a melhores oportunidades de vida.

Quais são as consequências da aporofobia?

Entre as consequências, temos a fragmentação da sociedade, ao criar divisões entre grupos e perpetuar as desigualdades sociais entre eles.

Como resultado, surgem desafios para a construção de um ambiente de inclusão, com a implementação de políticas públicas que ajudem a diminuir as diferenças e muros entre as pessoas.

A discriminação econômica dificulta a formulação de estratégias eficazes para combater a pobreza e promover a igualdade de oportunidades.

Qual é a diferença entre xenofobia e aporofobia?

A xenofobia refere-se ao medo, aversão ou hostilidade em relação a pessoas estrangeiras. Já a aporofobia é direcionada aos mais pobres, independentemente de sua origem.

Como evitar a aporofobia?

Isso requer um esforço coletivo para desafiar estereótipos, promover empatia e construir uma sociedade mais inclusiva. E como qualquer forma de discriminação, é importante denunciar os casos de aporofobia.

Além disso, aqui estão algumas estratégias práticas para cultivar a compreensão e combater essa forma de discriminação:

  1. promover programas de educação que ajudem a conscientizar as pessoas sobre a importância da diversidade;
  2. criar oportunidades que promovam a inclusão social e econômica. Isso inclui doações de roupas, de alimentos (arroz, feijão, macarrão, café, açúcar etc.) e itens de higiene (sabonete, shampoo, hastes flexíveis, papel higiênico, fraldas etc.), criação de novas formas de geração de renda e desenvolvimento social e suporte psicológico;
  3. disseminar a cultura para desafiar estereótipos negativos associados à pobreza;
  4. valorizar e promover a empatia através do diálogo aberto;
  5. incentivar conversas honestas sobre experiências econômicas diversas;
  6. utilizar as redes sociais como plataformas para a sensibilização e conscientização;
  7. apoiar e envolver-se em iniciativas e organizações que combatem a pobreza.

Descomplicar a aporofobia é um passo significativo na construção de uma sociedade mais justa e empática, em que todos sejam valorizados independentemente de sua condição econômica. Vamos juntos construir um futuro melhor!